terça-feira, 29 de abril de 2014

A MOÇA DOS GUARDANAPOS

Ando com pouca vontade de escrever, muita de chorar e olhando para Cristo. Cansado de ser o que tenho sido. Como todo homem, tenho qualidades e defeitos e coisas que me apavoram e outras tantas que me dão força. Eu não poderia escrever como o João, voar, nem ser o que não posso. Mas o que posso. Eu gosto dos gestos pequenos, os grandiloquentes eu refuto. Eu olho o olho dela que me deu guardanapos para enxugar lágrimas. Ela ou seria uma pessoa boa, ou uma má, dissimulada. Assim eu coloco as coisas e pessoas. Eu tenho errado e sabendo a dor de um beijo em meu pai não dado. Não beijar meu pai e-me muito doido, muito pesado. Deu-me o perdão, não negou-me a benção. Deixa eu falar de meu pai, mulher dos guardanapos, deixe eu dizer por qual a razão de tantas lágrimas. Meu pai é quem me faz dar a palavra "pai" um sentido sagrado. Meu pai sempre me abençoava sem eu pedir-lhe benção. Meu pai me avisou de um limite do qual eu não passasse, do contrário eu não teria sua benção. Eu passei. Fui para um hospital ingerir pelo nariz carbono ativo para limpar o estômago, tirar-me os excessos. Minha dor é menor agora, já não preciso de guardanapos. Meu pai me abençoou e perdoou. Moça que reza por mim, saiba que meu pai é como deveria ser os pais todos do mundo. Eu morro sem o amor de meu pai. Viver sem seu abraço seria como as coisas que não estando mortas, vivas não estão. Como um que soubesse a vida sem poder estar nela. Eu quero merecer um dia o pai que tenho. Para falar de meu pai, moça dos guardanapos, não é preciso elogiá-lo, nem dar-lhe qualidades em demasia. Mas é justo dizer que o meu pai faz da palavra "pai" uma coisa de magia. Enobrece a palavra e o sentido dela. Meu pai não é como os outros pais, que são e só podem ser pais. Como eu, como os que tem filhos. Meu pai é único, não por ser meu pai nem se chamar Luiz, mas todas as lágrimas que verti, Por toda a dor que viste.

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