quinta-feira, 28 de novembro de 2013

PRECE

Sou como todo mundo, preciso da proteção de Deus. Mas não pra tudo. Para nada que eu possa fazer só e com meus medos e fraquezas. Peço a Deus que não deixe nada me tirar força. Peço a Deus o que eu não posso só, por isso não é muita coisa, portanto é só força para que a força não cesse. Eu peço a Deus que eu não perca a fé nas coisas da poesia. Que eu siga até o dia que me cabe, sabendo que não me cabe mais do que a um homem pode caber: sonhar em ser feliz e morrer. Que nunca me livre de encontrar com o pior dos homens, o espelho. Que não me livre de sofrer. Me livre de sair sem vida do sofrimento. Não há morte maior que perder o amor pela vida à guiça de tornar-se sábio. Eu não quero a sapiência senão como ser sábio o tanto que me baste para eu não acreditar em sábios. Que Deus não me livre de mim ou me livre do lado escuro que trago desde bebê. Que Deus me livre de não saber admirar, da mesquinhez, do que penso e como ajo, do que eu mesmo renego embora tenha, como doente que rejeita a sua doença sem atinar que ela lhe pertence, que é sua. Que eu não peça a Deus o que carece só minha covardia, ilusão ou ambição. Peça instrumentos não a coisa lapidada, a coisa limpa, acabada. Que eu saiba com precisão o valor e medida das coisas.

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