quarta-feira, 6 de março de 2013

CICATRIZES E SONHOS








Nem me preocupo com o que vai parecer que sou, ou o que irão achar, quero a bem querença dos bons, desprezo a afeição dos medíocres e mesquinhos, sou humilde pros que sei que devo ser, por razões minhas, sempre ajo por minhas razões, isso é ruim com relação as coisas, mas ótimo com relação  as pessoas. Uma pessoa me vence facinho, e vou dizer como: com bondade, candura, sinceridade, sobretudo não afetando qualidades, tendo-os somente. Sou demasiado soberbo para os que me querem humilde e sou igual a quem me tem por igual. Reconheço erros , e sempre saberei onde errei e com quem errei. Isso é pra Zezo,  isso é porque eu sei errar e não buscar razões no erro. Isso é não pros outros, os que não devo satisfações, não devo nada, menos ainda respeito ou coisa boas de mim. Falavam bem de ti, meu rapaz, e eu endosso o coro, embora talvez e com razão, tu me tenhas em menor monta, mesmo assim tens meu afeto, não precisas disso, mas tens.
Mas eu ia falar de sonhos, sonhos e cicatrizes. Há quem ache que tudo é dor, ou tudo mel, ou metade cada coisa, eu sou diferente, não certo, diferente. Poucas coisas são mais valorosas que o sonho realizado, que o sonho que deixa de ser sonho e se torna real, como uma casa, um filho, uma cicatriz. Meu filho me cobre de noite, ele é um presente não um sonho, não foi sonho. Eu quis, a mãe quis, só dependia de nós, Deus anuiu, ele nasceu e hoje é meu elo com tudo, a coisa que mais amo e preciso. Minha cicatriz foi sonhada, batalhada, procurada, e tenho-a aqui. São duas, são belas, são mistura de luta e sonho.
Fui ao restaurante com meu pai ano passado,   ele ficou triste porque eu havia piorado. Comi com dificuldades, ele cortou a carne. Fui ao mesmo restaurante com meu pai, com minhas cicatrizes ainda mais cicatrizes porque ponteadas, ele me olhava e tirava os olhos rápido, como se o olhar dele prolongado me fizesse voltar o tremor.
Minhas duas cicatrizes, não gosto que toquem nela, são minhas. Não tremo e consigo fazer coisas impensáveis antes, como comer de garfo e faca, como ter calma ao beber água sem preocupar com os tremores. Resta a rigidez que o médico corrige aos poucos. Fico lento e travo ainda, mas nem perto do que era.
Não gosto que toquem em minha cicatriz, mas gosto de mostrar, acho-as bonitas. Dir-se-ia que são lindas, se cicatrizes lindas fossem. Eu  digo que são signo  de luta e esperança. Eu digo que são lindas mesmo.

Um comentário:

  1. São lindas mesmo, eu insisto em toca-las mesmo contra sua vontade.

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