quarta-feira, 3 de outubro de 2012

RAROS





Um mulher conseguiu o quarto lugar em uma paraolimpíada. Ela tem mal de parkinson. O dela é um tipo raro e severo. Não me interesso por competição alguma que não seja as que participo, que a rigor, não são muitas, e as que o vasco participa. Li a matéria pela frase "tipo raro de parkinson", achei estranho e engraçado, e de imediato me veio essa: como não tenho a rara (o) sou popular em algo. Li a matéria e chorei. Tive pena dela. O sentimento que muitos tem por mim. Me lembrei do eclésiastes, de sua frase primeira e genial. O que me faz pensar que possa ser mais feliz que ela ou em estar em  melhor situação? fisicamente estou, mas isso não diz nada. Daqui há dez anos muitas pessoas estarão à beira da morte, crianças serão homens, belas estarão com rugas, famosos serão anônimos, e creiam, milhões estarão mortos. Viver é precário e tudo e todos acabam. A diferença reside nisso: ela luta e não para. Ela não descansa. Ela foi quarto lugar em uma paraolimpíada, ela se concentra na coisa boa da vida, ela tem um mal de parkinson raro, ele é rara.


Os pais beijam o filho sem chance, a equipe de médicos faz uma reverência, a foto diz tudo. Serão doados os orgãos  do bebê. A mãe chora ao beijar o bebê. Que não se explique nada. Que se veja a foto. O motivo das coisas eu não sei, mas sei que existe o bem, sei que é melhor que o mal e  muito melhor ainda que o vazio. 


                             foto: prozac virtual

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