terça-feira, 2 de outubro de 2012

MEU OLHAR











Em toda modéstia ponho meu olhar desconfiado. Desconfio da modéstia como se desconfia de tudo o que é pensado. Só o burro tem certezas plenas, mas  suas certezas vem de não virem o outro lado. 

Em toda empáfia há de haver um descabido, um desmesurado, um Hitler, um abilolado. Um bufão pateta e bucéfalos a o exortarem, uma comédia de caricaturas, bobos tiranos e seus avatares.

Em tudo verdade tem de haver o avesso, sem que esse avesso venha ser a verdade, ou que o avesso desse aprofunde-o, alargue-o, pois  o  contrário do contrário não é contrário ao quadrado.

Em tudo que é luta deve haver um motivo, antes desse motivo a razão, e entre os dois a justiça, acima dela mais nada. 

Em nada faltará empenho sendo justo o alvitre. 
Em nada termina tudo, mas isso é o segredo: ir do nada ao nada e não matar, nunca matar.

Quero, como o poeta russo, meu direito ao espaço e ao tempo. Como Paulinho da viola, ser levado pelo mar, pois não eu que em mim navega, quem me navega... pois é.

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