domingo, 2 de maio de 2010

À MANEIRA DE PAULO.












O que posso te dar é pouco, ou quase nada, pouco, ou nada, te servirá, nem te trará o que entendes ser felicidade, muito menos te trará melhoras financeiras. Não te fará calma, nem ficarás mais culta, nem mais nada. Poderias prescindir de tudo o que tenho para te dar, e serias muito feliz, ou muito triste. Não posso te dar nada demais, sou como todos, sou gente. Nada te falta do que posso te dar, vives uma vida, viverias mil sem o que te ofereço, e nunca isso faria diferença.



Mas o que tenho para te dar, e nisso preste atenção, como se deve prestar atenção a um conselho dado em tom solene por um grande conhecedor do que diz, como um psiquiatra, ou um conselheiro de estado, ou melhor, como polônio dá a Laertes, como um pai dá a um filho, portanto.



O que posso te dar é um histórico de cacetadas duras, mas duras mesmo, que transformo em coisas de afirmação, coisas de sim, como João.



O que posso te dar é deixar que você me conte suas dores, sem repreender, sem dar conselhos. Sim porque não os dou, e se os dou, nunca é sobre questões tuas, nem coisas que concernem a uma só pessoa.



É falar como eu falo, das coisas que falo, isso é tudo.



Posso te mostrar o que gosto, e você talvez deteste, e nisso não te repreenderei. O que gosto revela algo sobre o que sou, mentira, revela tudo.



Eu gosto de pontes, tenho fixação por elas, não as lindas das fotos, as de Recife. Gosto de imagens que me ficaram na retina e que eu não esqueço, nem teria como. O beijo de corisco em dada no filme do Glauber, o manuseio de cartas de meu pai, a descoberta do olho de pitocudo, minha irmã sorrindo no shopping ( um sorriso tão lindo, tão dela, que nunca esqueço), o olhar do rei para Falstaff, Caetano chorando na morte de tom, minha outra irmã ( a mais velha) me fazendo subir uma escada, e dizendo que se pudesse dividiria a doença comigo, muitas coisas em uma galeria de boas lembranças,



Bom, não sei em que isso pode ser útil a ninguém, aliás, sei : em nada.



Mas é o que tenho para dar, só isso, um sorriso e madrugada

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