quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Um texto triste






Acredito em homens que choram, em homens que riem, em homens indiferentes, desde que diferentes de seus exteriores, o façam pra si. Nunca acredito na morte do amor nem na de Deus. Se chega ao fim, é certo, tem um ponto final e vamos de encontro a ele a cada dia. Por hora vou "não entendendo", vou me iludindo.
Não entendo e nunca entenderei o choro da criança faminta, o olhar de seus pais, e eu não poder fazer nada e aceitar. Pra que diabos servem os livros de João Cabral, as pinturas em quadros geniais, as músicas todas e todo o belo do mundo se tem dores absurdas, se tem mães que neste preciso momento, agorinha, estão com filhos mortos nos braços, e eles nasceram a poucos minutos?
Para falar de dores, fale das reais, não das dos amorezinhos que pouco são e pouco fazem crescer. Fale de como tudo se acaba quando se sonhava continuar. Fale (se tem medo eu o faço) da morte de um filho. Não fala por medo ou acha de mau tom.
Eu vi uma mulher quer perdeu um filho, estive no centro de suas dores, estive com ela na profunda dor sem consolo, e fiz o que se pode fazer nestas horas: chorei.
A dor desconsolada, a dor Shakespeariana, Buarqueana, inumana.
Se tem um filho haverás de saber do medo, do real medo de ter de vê-lo morto, de enterrá-lo.
Isso é doído, isso é doido, mas o que todo ser humano que gerou outro sente.
Medo, medo, medo, de não ver chegar o que saí, de não ouvir a voz nunca,mais. Eu poderia aguentar muito mais da vida\ que tenho aguentado; Abriria minha cabeça e peitos mais mil vezes sem reclamar, mas a dor de perder o que nunca mais será, embora morto o filho ainda é teu. O filho nunca deixa de ser nosso, mesmo morto. Isso é bem triste, mas filho é toda a riqueza (e a única) que um homem pode ter.

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