sábado, 9 de julho de 2011

AOS 36...

Um homem, por vil que seja, por menor que alcance o horizonte de sua fé ou olhar.
Por menos que consiga compreender ou intuir algo da verdade dele e do mundo, não tudo, uma parte. Por  mais simplória que seja sua natureza, é o homem ainda. Ainda que mais não seja.
Mesmo matando outro, mesmo mentindo, mesmo roubando, traindo, fazendo o que seja. Por qual motivo o faça: seja por mulher, seja por cachaça. É homem.
Chorando, dominado por vontades femininas, jogos de azar, bebida ou cocaína. Doente, brocha, doido, sujo, sendo veado, ateu, errante, tirano, esquerdista. É homem.
O homem deixa de ser homem e se torna bestial, inumano, anormal, quando seu gosto ou gesto vem sem paixão. Erra ou acerta sem vibrar, sem doer nem chorar. Não morre de madrugada.

EU MORRO TODA A MADRUGADA.
Toda madrugada vem minha febre. Ela me queima e mostra as razões de ter aguentado tanto, de estar feliz e vivo. Vivaz, essa é a palavra. Vivos todos estão. Vivazes poucos o são. Se você me pergunta o porque de minha felicidade ser relacionada a lágrimas e dores, fico com peninha de ti. Porque não sabe da vida. Não sabe de nada.
Com que instrumento emocional poderia reagir ao ver meu pai me cobrindo, meu filho dormindo, o rio fluindo, a noite esfriando, o vasco perdendo, o vasco ganhando, as minhas amigas, os meus 36 anos, com lágrimas ou riso, sorrindo ou chorando?
Onde cabe o riso na mãe que embala o filho, nos sonhos realizados, nas conquistas, no que conseguimos à custa de suor, ou sonho trabalhado?
A lágrima é o que tenho para dar de mim. Quer rir comigo?
Fique aqui, sou bem humorado. Mas fuja de minhas lágrimas. Fuja delas. Porque são minhas e caem de madrugada. Quase todas, quase certas. Eu ainda me embeveço com elas, me apaixono cada vez que choro, imagine você.
Você pode me odiar, não poder querer me ver um dia, mas de minhas madrugadas não vividas por ti, só esquece morta, só esquece se depois da morte não houver vida. Quando meu branco ressona com um jeito de anjo dormindo, olho para ele e penso que deve haver um limite entre o real e a poesia. limite que não respeito.

E por não respeitar limites trombo muito pela vida. Vida que impôs um limite extremo, limite de mim mesmo.

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