sábado, 30 de maio de 2015

Ester






Já nasce com nome de rainha, nascesse com nome plebeu seria rainha também.  A filhinha de Lu! lindinha e gigante. Se chama Ester. Eu lhe disse Luluzinha, que realizaríamos nosso sonho, eu me curaria do Parkinson, você teria os filhos que queria. Não me curei do parkinson e irei para a 2ª cirurgia, mas não terminamos o sonho ainda. Você quer mais filhos, eu mais brocas e bisturi. A vida é conseguir armas pra se lutar até o fim. A vida urge em se esvair. Ester é linda e eu não acho crianças bonitas, achou-as iguais, todas se parecem. Mas Ester é linda porque sonhada, porque querida, porque é signo de sonho, porque é vida com mais vida.

Falta a minha cirurgia e outras que farei. Tenho paciência e redobro a fé, vendo Ester, tão real e linda, feita de lágrimas e devoção. Anota ai, amiga adorada, anota em teu coração, o que eu te devo não pago com nada, ou pago vendo teu sonho na mão. Te cuida e cuida de Ester. Cuida em ela não cair, não se machucar, em proteger, em amamentar. Cuida do exterior e do ao redor dela, porque do caráter a genética cuidará.

Cuida de manter fé, cuida em se cuidar, cuida ser como és, cuida em nunca mudar.

Cuida de dizer ao pai que mando-o um grande abraço, cuida em dar um beijo em nega,  cuida de descansar, cuida do que sempre cuidaste, cuida em nossa amizade, cuida em tua obrigação que é sempre rezar por mim.

Dá um beijo nela, diz que foi um tio doido que mandou. Da uma olhada para o céu e se aguentar não chora; Sobe o morro com minha irmã como quem vai ao parque. Sabe porquê, Luluzinha? porque na busca de Deus, agradecer é a melhor parte.


Beijos no coração. Mamãe.



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quinta-feira, 28 de maio de 2015

Sem mágoa, sem melancolia





Sabia de há tempos, e por isso disse a minha amiga:  Desde o começo eu sabia do fim, desde o nascer diminuem os dias.
Ela então quis saber o que eu faria se chegasse ao fim do dia com o fim da minha vida. Disse-lhe: daria uma abraço em meu filho e um beijo em meu pai. 
Mas não falava triste, não tinha medo ou melancolia, falava como se outro que estivesse de fora, outro que sendo eu, a mim mesmo não sentia, como que estando lúcido não sentia a cirurgia. Sem dor,  sem melancolia.

Eu dizia que no abraço e no beijo não haveria tristeza, seria um "valeu" não um "que pena, acabou", uma missão encerrada, não uma que fracassou. 


Disse ainda que não consigo ser triste o tempo todo, sequer um tempo longo. Sou da alegria, da folia. Só sei viver assim, amar o sol. todo dia, de noite a lua.  Quando nem um nem outro se fizer notar, por nublado, por não poder vê-lo, sigo na minha alegria. Que sendo escura é ainda folia, que sendo folia tem de acabar como um m carnaval: sem mágoa, sem melancolia.



sexta-feira, 22 de maio de 2015

MARCELO NOVAES



ANTES DO VERBO



Antes que se soubesse de Deus
o Filho, plenos de dons, fadado a
ser trigo e mais-que-trigo [porque
colhedor de feixes-em-extremos:
trigo e joio, joio e trigo],
antes de poder receber o abraço
do irmão traidor com o perdão no
meio, replantado como tronco, ramo,
galho, ramalhete-em-maio [abril ou
junho], antes das moedas devolvidas
ao antigo dono [poucas, por sinal],
antes do retorno dos Infernos e do
fim dos relacionamentos terrenos
[só aparente, porque – alguns – 
eternos],

antes mesmo do término da safra má e
da má safra, lavrada em água amarga
[crispada de larvas],
Antes do acúmulo do muito que na
vida caberia, aos trinta e poucos [longos
e concisos anos, vasto oceano em Mar da
Galileia],
antes da demonstração do medo
e do não-medo juntos, afrontando a
morte [para ir além, ainda, de qualquer
desejo-de-morte],
quanto mais se precisa dizer o que
não fora dito Antes [porque Antes do Verbo,
ou fora], o vidro se arrastará no vidro e 
arranhará o vidro, até o olho estar 
limpo.
 
 

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Quando Deus quis falar sobre tudo e suas razões, ele fez (e foi antes de feito tudo, foi antes de tudo ser algo) ele fez o silêncio. Se há uma hora que ele de nós se aproxima e quando o silêncio se faz total. O silêncio do perdão, do Cristo na cruz, do juízo final. O silêncio é urgente! chega de urbes e seus moleques mimados; Basta de senhores vetustos, babacas que se supõem sábios. O silêncio é coisa de saber-se usar. Ter na hora certa a palavra mas saber que na hora da palavra é melhor não dizê-la, se calar.

domingo, 17 de maio de 2015

O que fica claro é que regras existem onde pode haver. Se o pt não for extirpado (sim, é um câncer) ele destruirá (câncer que é) o organismo que o nutria. O câncer não pretende nada, não objeta nada, nada mais pode ser. O destino do câncer é matar e com o morto morrer. Extirpar o tumor! Isso inclui exército, justiça, congresso, o que seja. FORA pt! Ainda que à força, ainda que sem anestesia, mesmo com o risco de metástase.

quinta-feira, 7 de maio de 2015

Assim seja!

O que peço a Deus é que me guarde da mediocridade, de ser um idiota e se der, uma melhora de minha doença. Que Deus não me proteja (eu sei que não faz, não fez, não faria) dos medos covardes da morte e do frio. Que possa beijar meu filho na hora em que se encerre a minha. E, se não for abusar, que ele me dê a graça de sempre admirar poesia. Quero, com o que aprendi, e só com o tempo se aprende, a ver nas coisas prosaicas o novo que não se percebia. Porque os olhos é que envelhecem, nunca as árvores e o dia.

quinta-feira, 9 de abril de 2015

ÓDIO E AMOR

Eu gosto de alguns ódios que tenho. Meus ódios não são amores recalcados ou às avessas. São ódios genuínos e legítimos, tanto como os amores a quem julgue que os mereçam. Gosto de minhas Boas arrogâncias, essas de não baixar a cabeça. Do desprezo pelos soberbos, sendo a soberba da soberba. Saber o amor sem poder o ódio me parece coisa de santo ou idiota. Nos santos é o que há de mais os santificá-los, nos idiotas é o que mais os faz parvos. Não acho tudo lindo, aliás, tudo é muito feio, falso, frágil, mau gerado ou acabado. Tudo esbarra na imperfeição, no vazio, no vago. Por isso posso amar ao lindo tanto mais desgoste o feio. E o médio me desagrada, talvez mais que horrendo, mais que o nefasto. O médio é pior que o nada, muito pior que os excessos, pior que o não revelado. O médio é "ser e estar" sem ter sido nem estado. Não falo de médio em seu pacato e não sermos altos. Ser medíocre com rigores é melhor que o gênio chato. Não confundir as cores, as franjas, os sapatos.

domingo, 5 de abril de 2015

O BEIJO EM MEU PAI



Eu choro. Choro por tudo ou por nada, nunca por mágoa.
Eu creio. Não creio em tudo. Creio no Cristo, pela sua dolorosa paixão.
Eu perco. perco no jogo, perco na vida, mas nunca a esperança.
Eu sonho. Sonho com gatos, peixes, luas e o que podem os sonhos.
Eu grito. Quando dói demais. Um grito pra dentro. Que não precisa ouvidos, que existe pra si só.
Terça fui à Recife e fiz algo que merece ser postado e que todo mundo saiba, embora ache uma babaquice ficar colocando coisas do tipo: estou triste ou feliz ou amando, no facebook. Terça eu dei um beijo em meu pai.
Como está o mundo, como ficará, como as coisas se darão, pouco se me dá. Dei um beijo em meu pai. Isso é tudo. Isso é o que há.

sábado, 4 de abril de 2015

PELÉ, O SOBERBO.




Certa vez Romário falou que Pelé calado era um poeta. Romário acertou na mosca. Perguntado sobre a possibilidade de ser alcançado ou superado por Neymar, ele, com a modéstia que ficaria feia em um Shakespeare, em Newton, em qualquer um, sai-se com essa: mesmo que façam mais gols que eu a fábrica fechou (se referindo aos seus pais) quer dizer: se o cara o superar dentro de campo, não poderá ser melhor pela razão de não ser filho dos pais de Pelé. Pelé é o melhor até o dia que aparecer um que lhe supere. Há sim, a possibilidade real, embora remota, de Neymar vir a superá-lo. Neymar jogará (salvo alguma contusão ou problema de saúde) três copas, uns 14 anos de futebol e já tem um curriculum espetacular. Messi, Cristiano Ronaldo, serão facilmente superados. Romário foi um astro e herói meu, terminou a carreira com 41 anos e 56 gols na seleção. Neymar tem 23 anos e 43 gols na seleção. Tem mais de 200 gols. Se jogar até a idade que Romário jogou passará de 1000 gols.